Provavelmente você já se deparou com promessas de que a psicoterapia poderia te ajudar a eliminar seus sofrimentos. E eu me questiono: até que ponto é possível garantir isso?

Quando penso nisso, imagino as pessoas como “máquinas” que estão com um defeito chamado ‘sofrimento’, prontas para serem consertadas através da eliminação desta disfunção e voltarem a funcionar direitinho.

Quero explorar com você como enxergo essa questão e como percebo o benefício da terapia em relação ao sofrimento.

“Nunca cultivar a dor, mas lembrá-la com respeito, por ter sido indutora de uma melhoria, por melhorar quem se é. Se assim for, não é necessário voltar atrás. A aprendizagem estará feita e o caminho livre para que a dor não se repita.”

(Valter Hugo Mãe)

Seu sofrimento precisa ter espaço

Primeiro, vale ressaltar que nenhuma técnica ou conhecimento pode garantir que você não sinta mais nenhum sofrimento, já que a vida se desenrola através da concretização de acontecimentos que muitas vezes fogem do nosso controle, inclusive de nós, terapeutas. 

A segunda questão vai parecer óbvia, mas é real: o sofrimento faz parte da vida (claro, os inevitáveis) e seria impossível de eliminá-lo para sempre, porque em algum momento ele surgiria por algum motivo. Isso me faz refletir que não podemos tratá-lo como o inimigo, como algo que deve ser exterminado a qualquer custo, mas como um caminho de aprendizado e crescimento.

Mas você deve estar se perguntando “então qual é o sentido da terapia?”. Eu te conto.

A terapia não é um fim para eliminar sua dor, é um meio para te possibilitar o alcance de modos de lidar com a sua dor. Na terapia, não fugimos da dor ou tentamos controlá-la, nós entramos em contato com ela, e só assim será possível compreendê-la e superá-la.

Aliás, controlar o sofrimento é uma forma de apenas piorar a situação. É como uma correnteza, quanto mais tentamos nadar contra, menos saímos do lugar. É preciso acolher e escutar essa dor antes de tudo.

Resumindo

A terapia é um meio para possibilitar uma aproximação com seu sofrimento e encontrar maneiras de lidar com ele. Esse processo pode gerar aprendizados, mudanças de paradigmas e maior convicção do caminho a ser seguido, tornando a vida mais leve e plena.

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