Se você já se pegou pensando que tem algo de errado com você, por não se considerar uma boa mãe, por se sentir indisposta e irritada com seu filho, tenho algo para te contar.

“À medida que os filhos crescem, a mãe deve diminuir de tamanho.

Mas a tendência da gente é continuar a ser enorme.” 

Clarice Lispector

Questionando a essência feminina

Talvez você até saiba que é normal se sentir exausta depois de ter um filho, mas a autocobrança para ser uma boa mãe não deixa de existir. E então, a culpa toma conta. 

Mas será que toda essa cobrança é só nossa? Preciso te dizer que não. Desde nosso nascimento, nós, mulheres, somos atravessadas por valores e normas sociais que nos fazem enxergar a existência de uma essência feminina, uma natureza que faz parte de nós desde nossa chegada no mundo.

Essa essência feminina é caracterizada pela fragilidade, docilidade, decência e cuidado. Ou seja, mulheres deveriam nascer prontas para saber cuidar, certo? É aí que nos enganamos. A mulher, assim como qualquer outro ser humano, constrói sua essência através de experiências e dos vínculos afetivos estabelecidos no decorrer da vida.

É por isso que a crença de uma natureza voltada para o cuidado pode gerar sofrimento, por inúmeras mulheres que não se sentem adequadas a esse padrão esperado pela sociedade. 

Diferente das expectativas, a maternidade é uma mudança drástica, inclusive no sentido fisiológico, permeada por um borbulhão de sentimentos – positivos e negativos -, e não deveria ser um tabu poder conversar sobre o lado desagradável da experiência de ter filhos.

Pelo contrário, seria libertador. Poder compartilhar sobre momentos de dificuldade, solidão e vazio durante a maternidade, poder entrar em contato com mais informações, e se descobrir mais a fundo, podem ser maneiras de se cobrar menos e se sentir menos culpada.

Resumindo

Não existe mãe completamente pura, serena e amável. A maternidade é um processo construído, apreendido, e experienciado. A desmistificação da mãe ideal pode te ajudar a entrar mais em contato com o ‘ser mulher’ e enxergar outras formas de ‘ser mãe’.

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